segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Estratégias de Apropriação do Espaço


  • FLÂNEUR
 Flâneur, do substantivo francês flanêur ([flɑnœʁ]), significa "andarilho", "vadio", ou "vagabundo". Flânerie se refere ao ato de caminhar, com todas as suas associações de acompanhamento. 
O Flâneur, antes de tudo, era um tipo literário da França do século XIX, essencial para qualquer imagem das ruas de Paris. A palavra carregava um conjunto de associações ricas: o homem de lazer, o ocioso, o explorador urbano, o conhecedor da rua. Foi Walter Benjamin, com base na poesia de Charles Baudelaire, que fez desta figura o objeto de interesse acadêmico no século XX, como um arquétipo emblemático da experiência urbana e moderna. Depois de Benjamin, o flâneur tornou-se um símbolo importante para acadêmicos, artistas e escritores.
 Charles Baudelaire desenvolveu um significado para flâneur de "uma pessoa que anda pela cidade a fim de experimentá-la". Walter Benjamin descreve o flâneur como um produto da vida moderna e da Revolução Industrial, sem precedentes, um paralelo com o advento do turismo. Benjamin se tornou o seu próprio exemplo, observou o social e estético durante longas caminhadas por Paris.
 A percepção do flanêur parece se dar diante daquilo que é transitório na cidade, mas ele não simplesmente lamenta-se a respeito da transitoriedade, ele se alimenta dela, ele formula uma espécie de abrigo no ventre da caótica urbanidade – bem entendido, caótica para os citadinos, não para os gerenciadores políticos da nova ordem social – tecendo uma narrativa dos atrativos da cidade, numa espécie de reconhecimento do apelo erótico das coisas e das pessoas no contexto dos desencontros modernos.

 O flanêur atende, inicialmente, a uma necessidade individual burguesa de sobrepor-se à aristocracia e irá tornar-se um instrumento das próprias massas, devido ao protagonismo das mesmas no gênero inaugurado pelo observador da cidade.
  • DERIVA
A teoria da deriva é um dos trabalhos de autoria do pensador situacionista Guy Debord, um dos seus maiores entusiastas e estudiosos. Este autor formulou o início da Teoria da Deriva em 1958 e publicou na então Revista Internacional Situacionista. Desde então estudiosos, acadêmicos ou não, experimentam esse procedimento com interesses que vão deste simples estudos de uma cidade até a elaboração de dissertações e teses. Atualmente muitas pessoas que estudam geografia urbana, e muitos coletivos que questionam a urbanização experimentam a deriva como forma de estudo e de práxis política.
A deriva é um procedimento de estudo psicogeográfico – estudar as ações do ambiente urbano nas condições psíquicas e emocionais das pessoas. Partindo de um lugar qualquer e comum à pessoa ou grupo que se lança à deriva deve rumar deixando que o meio urbano crie seus próprios caminhos. É sempre interessante construir um mapa do percurso traçado, esse mapa deve acompanhar anotações que irão indicar quais as motivações que construíram determinado traçado. É pensar por que motivo dobramos à direita e não seguimos retos, por que paramos em tal praça e não em outra, quais as condições que nos levaram a descansar na margem esquerda e não na direita. Enfim, pensar que determinadas zonas psíquicas nos conduzem e nos trazem sentimentos agradáveis ou não.
Apesar de ser inúmeros os procedimentos de deriva, ela tem um fim único, transformar o urbanismo, a arquitetura e a cidade. Construir um espaço onde todos serão agentes construtores e a cidade será um total.
Essas idéias, formuladas pela Internacional Situacionista entre as décadas de 1950 e 1970, levam em conta que o meio urbano em que vivemos é um potencializador da situação de exploração vivida. Sendo assim torna-se necessário inverter esta perspectiva, tornando a cidade um espaço para a libertação do ser humano.
 
 
  • PARKOUR
Parkour ou l'art du déplacement (arte do deslocamento) é uma atividade cujo princípio é mover-se de um ponto a outro o mais rápido e eficientemente possível, usando principalmente as habilidades do corpo humano. Criado para ajudar a superar obstáculos de qualquer natureza no ambiente circundante — desde galhos e pedras até grades e paredes de concreto — e pode ser praticado em áreas rurais e urbanas. Homens que praticam parkour são reconhecidos como traceurs e mulheres como traceuses. O parkour foi criado na França, em Sarcelles, Lisses e Evry por David Belle.
O termo Parkour foi definido por um amigo de David Belle. Ele deriva de "parcours du combattant", o percurso de obstáculo proposto pelo método de Georges Hébert como um treinamento militar clássico da América. O inventor do termo Parkour pegou a palavra "parcours", substituiu o "c" com o "k" para sugerir agressividade, e removeu o silencioso "s" como oposto à filosofia do parkour sobre eficiência.
Traceur e traceuse são substantivos derivados do verbo tracer que normalmente significa"traçar",sendo também traduzido como "ir rápido".
Parkour é uma atividade física difícil de categorizar. Mais uma arte ou disciplina que assemelha-se a autodefesa nas artes marciais. De acordo com o fundador David Belle, o espírito no parkour é guiado em parte a superar todos os obstáculos em seu próprio caminho como se estivesse em uma emergência. Você deve mover-se de tal maneira, com quaisquer movimentos, para ajudá-lo a ganhar a maior vantagem possível de alguém ou de alguma coisa, quer seja escapando daquilo ou caçando em direção aquilo. Assim, havendo um confronto hostil com alguém, as opções são conversar evitando problemas. Alguém que utilize o Parkour como arma, não é um traceur. Parkour é liberdade porque é no momento em que se liberta o instinto, e isso é algo quase proibido, que as pessoas esquecem que existe. Isso pode ser uma causa de stress, mas libertando o animal existente nos traceurs, tudo muda. O Parkour não é ciência, nem é arte. O Parkour é uma essência.
Uma importante característica desta disciplina é sua eficiência. Um praticante não só se move o mais rápido que puder, mas da maneira energeticamente mais econômica e o mais diretamente possível. Eficiência também envolve evitar ferimentos em curto e longo prazo, o que explica o lema não-oficial être et durer (ser e durar).




  • FLASH MOB
Flash Mobs são aglomerações instantâneas de pessoas em certo lugar para realizar determinada ação inusitada previamente combinada, estas se dispersando tão rapidamente quanto se reuniram. A expressão geralmente se aplica a reuniões organizadas através de e-mails ou meios de comunicação social, notadamente pelas redes sociais digitais.
O primeiro flash mob foi organizado via e-mail (com o endereço themobproject@yahoo.com, criado para este fim), pelo jornalista Bill Wasik, em Manhattan. Mandando o e-mail para 40 ou 50 amigos (de maneira que eles não soubessem que o evento fora planejado pelo próprio jornalista), Bill convidou as pessoas a aparecerem em frente à loja de acessórios femininos Claire’s Acessories. Segundo ele, "A ideia era de que as próprias pessoas se tornassem o show e que, apenas respondendo a este e-mail aleatório, essas pessoas criassem algo" em um mob anônimo e sem liderança.
No entanto, a loja foi avisada antes do acontecimento e a polícia foi acionada, evitando que as pessoas ficassem na frente da loja, frustrando os planos do primeiro mob.
O segundo mob aconteceu em 3 de junho de 2003, na loja de departamentos Macy's. Wasik e amigos distribuíram flyers para pessoas que passavam nas ruas, indicando quatro bares em Manhattan, onde elas receberam instruções adicionais sobre o caráter e o lugar do evento, minutos antes do seu início – para evitar o mesmo problema que ocorreu com o primeiro.
Mais de 100 pessoas juntaram-se no 9.º andar de tapetes da loja, reunindo-se em volta de um tapete caro. A quem se aproximasse de um vendedor foi dito que as pessoas reunidas no andar viviam juntas num depósito nos arredores de Nova Iorque, que estavam procurando por um “tapete do amor” e que todos faziam suas decisões de compra em grupo.
No mundo inteiro, flash mobs vêm ganhando cada vez mais aspectos políticos e não apenas para mudar a rotina ou modificar o meio urbano. Na Rússia, por exemplo, um grupo de pessoas se reuniu ao redor de um caixão e deram-se as mãos em luto formando um quadrado, declarando a “morte da democracia em 2003. Por lá, pela repressão às revoltas ou protestos ser intensificada, flash mobs são preferências cada vez mais aceitas por serem organizadas rapidamente, atraírem muitas pessoas e depois se dispersa tão rápido quanto apareceu, impedindo a ação da polícia muitas vezes.
Um flashmob em desafio ao governo foi organizado na Bielorrússia por volta de 2006 que consistia em um grande grupo de pessoas tomando sorvete próximo ao centro da cidade, em contestação a uma lei aprovada em assembleia que proíbe manifestações no país. Mesmo com as pessoas deixando o local depois da realização do pequeno protesto, alguns jovens ainda foram presos.
Na Espanha, após os atentados terroristas aos trens em 11 de março de 2004, vários espanhóis enviaram via SMS mensagens pedindo para que dois dias depois se reunissem para uma mobilização em favor dos mortos pelo ataque terrorista, e nessas mensagens a repetição da palavra “pásalo” (repasse, em espanhol) tornou-se um ícone desse mob. O resultado veio no dia 13 de março, onde as pessoas se reuniram de maneira espontânea protestando contra o governo por ocultar dados sobre o atentado terrorista. Ficou também conhecida como “La rebelion de los SMS”.
Assim podemos perceber que a realização de flash mobs que têm como princípio motivador reivindicações políticas também ocorre. Esse movimento, porém, recebe o nome de "Smart Mob"e já foi realizado em diversas cidades. O roteiro de ação é parecido com o do flash mob, ou seja, as pessoas reúnem-se em determinado local previamente divulgado pelas mídias sociais, praticam uma atividade inusitada e logo em seguida, dispersam-se na multidão. Na maioria dos casos, a atividade realizada remete à razão pela qual os participantes estão protestando. Essa nova forma de manifestação política é muito eficaz, uma vez que sua rápida divulgação e realização dificulta a ação repressiva das autoridades. Além disso, o fato de os participantes estarem engajados em alguma ação inusitada chama a atenção para a causa do protesto. As greves e manifestações em geral não despertam tanta curiosidade como os Smart Mobs, o que contribui para que um número maior de pessoas familiarize-se com o motivo da reivindicação.






  • ROLEZINHO:
Rolezinho (diminutivo de rolê ou rolé, em linguagem informal brasileira, significa "fazer um pequeno passeio" ou "dar uma volta" ) é um neologismo para definir um tipo de flash mob ou coordenação de encontros simultâneos de centenas de pessoas em locais como praças, parques públicos e shopping centers. Os encontros são marcados pela internet quase sempre por meio de redes sociais como o Facebook.

O rolezinho em shopping center é um tipo de flash mob que envolve coordenar encontros nesses locais entre centenas ou milhares de jovens. O fenômeno tem ocorrido principalmente em São Paulo, mas já houve encontros semelhantes em Guarulhos e Campinas. Há registros também de rolezinhos em parques.
Os rolezinhos vêm ganhando destaque no noticiário brasileiro devido a supostos delitos cometidos por alguns participantes, como tumultos, furtos e agressões. Por outro lado, o fenômeno é analisado por alguns sociólogos e professores de ensino superior como sendo um "apartheid" social que denuncia a desigualdade social e racial no país.



 

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