A instalação site-specific Sonic Pavillion (2009), de Doug Aitken consiste em uma estrutura cilíndrica, feita de aço e vidro, coberto por uma película plástica, que abriga um tubo escavado de 202m de profundidade, com microfones que captam ao vivo o som produzido e por meio de um sistema de equalização e amplificação, é reproduzido nas caixas de som distribuídas na parte superior do pavilhão.
Sendo uma das instalações mais afastadas do complexo, o trajeto é longo, cansativo e com subidas, por isso, quando o pavilhão se torna visível causa um grande impacto pelo seu tamanho e diferenciação com o meio externo. O observador circula o perímetro até chegar a rampa de entrada por baixo, como se fosse no subsolo. Essa rampa continua dentro do pavilhão, conduzindo o espectador até o piso principal. Após adentrar o recinto, a rampa "continua" em forma de uma mobília feita de madeira que rodeia o pavilhão, na qual pode-se sentar, descansar e sentir a obra.
A estrutura parece ter pousado no local, destoando do ambiente pela sua aparência futurista. Paradoxalmente, as pedras resultantes da escavação foram deixadas ali, causando uma impressão de que a obra literalmente brotou do solo. A película fosca produz efeitos ópticos interessantes. Do lado de fora, a impressão é de que a edificação assemelha-se à uma estufa; de dentro, a película faz com que o observador só enxergue nitidamente o que está a sua frente, deixando embaçada toda a paisagem periférica e fazendo com que ele caminhe ao redor do pavilhão.
A forma e os materiais escolhidos são necessários para provocar as sensações causadas pelo som e pela vibração terrestres. Se a forma fosse diferente, a acústica seria prejudicada. A escolha da madeira foi essencial pois sua estrutura facilita a propagação da vibração do som, e proporciona maior aconchego em um local um tanto quanto inóspito.
A espacialidade predominantemente vazia do local e o clima de mistério, causam uma sensação de estar em um "sala de espera" (como se houvesse algo grandioso para acontecer; um sentimento de expectativa). Esse sentimento é quebrado quando o som torna-se extremamente alto e vigoroso, estremecendo toda a estrutura. Também é inegável a sensação de estar integrado com a natureza e ao mesmo tempo concentrado na experiência em si, algo incomum e que não é pensado no dia a dia.
A idéia da obra é muito interessante, não é o que comumente chamamos de Arte. É uma instalação com forte presença da esfera virtual, ou seja, deixa em aberto o que vai acontecer com o observador, mesmo ela não sendo interativa, cada pessoas reage de um modo diferente ao entrar na obra, uns se sentam, outros se deitam ou caminham, ficam no centro ou nas beiradas. A obra não pré determina o que é para ser feito, não há como “orientar” o observador sobre o que fazer, a única informação previa que se obtem é de que La dentro se ouvirá o “som da terra”, o que constitui algo tão subjetivo e não presente no nosso dia a dia que nem conseguimos pré figurar como será a experiência.
Tanto os elementos físicos da obra quanto a escolha do local para sua instalação parecem ter sido escolhidos com muito estudo, pois cada detalhe colabora para a criação dessa virtualidade. A idéia do artista podia ser algo simples de inicio, mas ao elaborar uma estrutura para abrigá-la e fazer com que o ambiente externo também interferisse na sensação que a obra causa, ele criou algo muito mais rico, que foge ao ordinário, que ultrapassa seu objetivo, quem visita a obra não sai de La contando que ouviu o som da terra apenas, mas que entrou numa outra atmosfera, que é singular a cada um.
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